No próximo sábado, 21 de agosto, os habitantes da Terra terão esgotado todos os recursos que o planeta lhes proporciona no período de um ano, passando a viver dos créditos relativos ao próximo ano, segundo cálculos efetuados pela ONG Global Footprint Network (GFN).
De acordo com o estudo, “foram necessários 9 meses para esgotar o total do exercício, em termos ecológicos.
A GFN calcula periodicamente o dia em que vão se esgotar os recursos naturais que o planeta é capaz de fornecer por um período de um ano, consumidos pela humanidade, aí incluídos o fornecimento de água doce e matérias-primas, entre elas as alimentares.
Para 2010, a ONG prevê o ‘Earth Overshoot Day’, ou Dia do Excesso, numa tradução livre, no próximo sábado, significando que em menos de nove meses esgotamos o que seria o orçamento ecológico do ano, revela o presidente da GFN, Mathis Wackernagel.
No ano passado, segundo ele, o limite foi atingido no dia 25 de setembro, mas não é que o desperdício tenha sido diferente.
“Este ano revisamos os nossos próprios dados, verificando que, até então, havíamos superestimado a produtividade das florestas e pastos: exageramos a capacidade da Terra” de se regenerar e absorver nossos excessos.
Para o cálculo, a GFN baseia-se numa equação formada pelo fornecimento de serviços e de recursos pela natureza e os compara ao consumo humano, aos dejetos e aos resíduos – as emissões poluentes, como o CO2.
“Em 1980, a nossa “pegada ecológica” foi equivalente a tamanho da Terra. Hoje, é de 50 % a mais, insiste a ONG.
Assim, “se você gasta seu orçamento anual em nove meses, deve ficar provavelmente muito preocupado: a situação não é menos grave quando se trata de nosso orçamento ecológico”, explica Wackernagel. “A mudança climática, a perda da biodiversidade, o desmatamento, a falta de água e de alimentos são sinais de que não podemos mais continuar a consumir o nosso crédito.
Para inverter a tendência, é preciso “que a população mundial comece a diminuir” – um tabu que começa a ser desmistificado pouco a pouco entre os demógrafos e os defensores do meio ambiente, inclusive no seio das Nações Unidas.
“As pessoas pensam que seria terrível mas, para nós, representaria uma vantagem econômica. Mas é uma escolha”, comenta Wackernagel.
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